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sábado, 4 de abril de 2009

Fragrância Midnight Fantasy, de Britney Spears, explode deliciosamente na pele

Os perfumes de celebridades ocupam um ínfimo espaço no mercado da perfumaria. Segundo Karen Grant, da empresa de pesquisa de mercado NPD, 46% dos perfumes premium (aqueles que custam mais que 75 dólares) vendidos em 2008 eram de marcas de estilistas. Os perfumes de celebridades ficaram com 1% das vendas. Em outras palavras, se você tivesse dinheiro e, supostamente, bom gosto, não iria comprá-los. Como arte - criatividade, qualidade, legitimidade - a reputação desses perfumes é abissal.

Talvez seja por isso que Jennifer Lopez e Celine Dion têm perfumes, mas Cate Blanchett e Helen Mirren não. Pode ser porque a J-Lo possui uma forte necessidade de associação do nome aos produtos para monetizar sua celebridade, enquanto Hellen se concentra na atuação. Pode ser também porque muito da perfumaria das celebridades é um autêntico lixo.

Tome como exemplo o Blue Seduction for Women, do Antonio Banderas. O fascinante é que ele não diferencia se alguém reage ou está consciente de suas impressões sensoriais: o perfume não proporciona nenhuma das duas coisas. Ou melhor, ele traz 60 segundos de uma água adocicada vagamente prazerosa, e depois? cai a linha. O perfumista Olivier Cresp construiu dois dos melhores perfumes da virada do século 21, Angel e Light Blue. Não consigo nem começar a imaginar o que Cresp - a quem Blue Seduction é creditado, ao lado do (bem no estilo Hollywood de ser) comitê de estilo que tem Anotino Puig, Elisabeth Vidal e Rosendo Mateu - fizeram em, para, com ou por este projeto. O único cenário que posso imaginar é que a empresa licenciada liberou uma miséria de verba por quilo de matéria-prima, então eles foram obrigados a usar o material mais barato do mercado.
Esta fragrância não serve nem para ser usada no sabonete líquido genérico de uma drogaria.

É por isso que as exceções à regra são tão impressionantes. O time criativo de Elizabeth Arden contratou a talentosa perfumista Caroline Sabas para criar a fragrância Midnight Fantasy para a Britney Spears, deu-lhe dinheiro para a criação e a deixou trabalhar bastante. O resultado é a perfeita encarnação olfativa de Britney (nas telas, não na direção de um carro) e uma obra-prima da nova categoria olfativa neon doce/ ultra-gourmand.

Caroline Sabas pegou o etil maltol e o instalou como uma jóia no novelo olfativo de sintéticos adocicados de morango, framboesa e manga. É o pesadelo dos dentistas e um sonho sensorial: o cheiro explode deliciosamente na pele. Se o Chanel Nº. 5 fosse o sabor de uma bala, seria assim.

Além disso, é um trabalho técnico excelente. Antes é preciso, claro, aceitar as premissas da estética do gênero. Aqui, a perfumista transcendeu o gênero.
Duas observações: não há lei nenhuma que diga que os perfumes de celebridades devem ser menores que os perfumes de estilistas, e os ultra-gourmand são maravilhosos quando bem realizados. Midnight Fantasy ilustra as duas coisas com mestria.

Midnight Fantasy

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